Por Alexandre Daher Albieri
No último sábado dia 20 de março de 2021 o astro do basquete LeBron James sofreu um trauma no tornozelo direito em partida disputada entre seu time LA Lakers contra o Atlanta Hawks, tendo o atleta que abandonar a partida. Segundo divulgado na imprensa, o atleta teria sofrido uma lesão da sindesmose do tornozelo (“high ankle sprain”).
A estabilidade entre a tíbia e a fíbula distal é conferida pela estrutura óssea e ligamentar da sindesmose, sendo que a fíbula se relaciona com a tíbia em uma incisura triangular acima aproximadamente 6 a 8 cm da articulação tíbio-társica. Os ligamentos tíbio-fibular anterior, interósseo, tíbio-fibular posterior, transverso e a membrana interóssea compõe a sindesmose. Lembrando que o ligamento deltóide, medialmente, também contribui para a estabilidade da sindesmose.
A lesão da sindesmose é menos comum que a lesão do complexo ligamentar lateral do tornozelo, podendo estar presente entre 1% à 18% destas lesões, mas que chega à 25% quando se trata de atletas que praticam esportes de impacto, como os de colisões em velocidade, terrenos irregulares, que tem saltos (basquete, futebol, futebol americano, sky).
São lesões de difícil diagnóstico, com resultados pouco previsíveis e que pode levar a uma recuperação mais prolongada. Uma avaliação clínica minuciosa, com um exame físico bem-feito, com aplicação de testes para a avaliação desta sindesmose, como: “Squeeze test”, teste da rotação externa entre outros e exames complementares como radiografias com carga e com stress e Ressonância Magnética podem ajudar no diagnóstico e conduta dos casos. Atualmente sabemos que a artroscopia pode ser uma arma à mais no arsenal para o diagnóstico.
Existe uma classificação para as lesões da sindesmose (West Point), que vai do Grau I ao III. O grau I que é uma lesão estável, mais leve, sem comprometimento da estabilidade da sindesmose, é de tratamento conservador, com imobilização, retirar carga e reabilitação. A lesão grau III que é uma ruptura completa da sindesmose, com instabilidade e diástase também tem seu tratamento bem definido com cirúrgico para fixação desta sindesmose. A grande controvérsia está no tratamento das lesões grau II, que são lesões ligamentares mais severas que as do grau I, só que não tem uma diástase franca, mas pode ter uma instabilidade sútil da articulação tíbio-fibular distal que pode ser de difícil percepção até em testes de stress sob anestesia. Ainda hoje não existe uma relação clínica-radiológica consistente que determina qual atleta com lesão grau II tem uma instabilidade dinâmica que necessita ser fixada ou não. A artroscopia é um bom método de avaliação da instabilidade da sindesmose, sendo que a abertura da mesma maior que 2mm é indicativo de fixação. Além disso, sabemos que as lesões associadas, como as do complexo ligamentar lateral, lesões do deltoide e lesões osteocondrais podem comprometer no resultado do tratamento.
Como essas lesões Grau II são de tratamento controverso, mais pelo seu diagnóstico preciso, deve existir uma relação estreita entre o médico assistente, o atleta, o departamento médico da equipe e afins para que o tratamento instituído seja o melhor possível para o atleta para um retorno mais rápido as atividades, sem limitações e dor no futuro, podendo praticar no mais alto nível como fazia anteriormente.
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Em breve mais informações!
Referências:
1- https://globoesporte.globo.com/nba
2- https://nba.com/
3- Kenneth JH, Phisitkul P, Pirolo J, Amendola A. High Ankle Sprains and Syndesmotic Injuries in Athletes. Journal AAOS, 661-673
4- Calder JD, Bamford R, Petrie A, McCollum GA. Stable versus unstable grade II high ankle sprains: a prospective study predicting the need for surgical stabilization and time to return to sports. Arthroscopy. 2016; 32(4):634-642
5- Magan A, Golano P, Maffulli N, Khanduja V. Evaluation and management of injuries of the tibiofibular syndesmosis. British Medical Bulletin, 2014, 111Ç101-115
6- Williams GN, Jones MH, Amendola A. Syndesmotic ankle sprains in athetes. AM J Sports Med. 2007; 35(7):1197-1207